Transtornos

Em meio a barro e buracos, moradores relatam dificuldades de acesso ao Posto de Saúde Areal Leste

Pacientes com problemas de mobilidade ou idosos precisam de ajuda para ingressar no local de atendimento, sob risco de cair e sofrer fraturas

Foto: Volmer Perez - DP - Poucas horas após a reportagem ir ao local, a Prefeitura mandou uma patrola

Heitor Araujo
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Descaso, condições precárias, abandono e crateras. Assim moradores do Areal Fundos descrevem o entorno do Posto de Saúde Areal Leste, localizado no entroncamento da avenida Domingos de Almeida com a rua Um (Arruamento Penadez). A situação é tão crítica que dificulta, quase impossibilita, aos pacientes com dificuldade de locomoção ou idosos ingressarem na unidade de saúde. Poucas horas após a reportagem ir ao local, a Prefeitura mandou uma patrola ao local.

De acordo com moradores do local e trabalhadores do Posto de Saúde, há décadas o problema é o mesmo: rua de terra, desnivelada, esburacada e em péssimas condições. Há aproximadamente dez anos, uma servidora do Posto organizou um abaixo-assinado que mobilizou a comunidade para a pavimentação da Arruamento Penadez, mas não obteve resposta positiva. Esta servidora alega, inclusive, que a Prefeitura informou que a rua consta como pavimentada no sistema. Relatos de moradores apontam que é rara a manutenção da via; alguns dizem, inclusive, que nunca viram uma patrola no local.

Ir ao Posto de Saúde, para quem tem problemas de mobilidade, transforma-se quase em uma tarefa hercúlea. No entanto, para a aposentada Teresa Silva Dorneles, 68 anos, o bom atendimento que recebe na unidade faz com que não se pense em alternativas que poderiam ser mais fáceis, "até porque a UPA (Unidade de Pronto Atendimento do Areal) está sempre lotada", afirma.

Teresa conta à reportagem que, mesmo morando a duas quadras do Posto de Saúde, opta pela ida por transporte de aplicativo, justamente pela impossibilidade de locomoção em meio aos buracos da rua e à falta de calçada nas margens. Ela só consegue entrar no Posto de Saúde com a ajuda dos guardas, que já estão acostumados com a tarefa de auxiliar aos idosos e pessoas com falta de mobilidade. Ainda assim, acidentes são comuns no local.

"Já caí um tombo ali na frente, quando tava saindo do Posto, resvalei, caí no meio da rua e tive que ir ao hospital. Foram fraturas leves, mas tive que ficar um mês em casa de repouso", afirma Teresa. "É um descaso. Há 50 anos, pelo menos, que a rua apresenta condições precárias", lamenta a aposentada, que tem lesão nas duas pernas e necessita de uma prótese no quadril.

Segundo a estudante Bárbara Costa, 32 anos, o descontentamento é geral na comunidade. "Moro aqui desde que nasci e a rua sempre esteve assim, neste estado. O pessoal reclama muito. Quando chove, fica um barro, um sabão, chega até a formar uma piscina em frente ao Posto, muita gente cai". Ela relata que quase não vê patrolamento para melhorar as condições da via. "Quando passam, dá uma amenizada, mas na primeira chuva já voltam todos os problemas".

"A gente trabalha aqui há mais de 20 anos e a rua nunca teve asfalto. Não tem como os pacientes entrarem pela rampa, porque não há nenhuma pavimentação na rua. Quando vem cadeirante ou carrinho de criança, o guarda ou alguém da unidade tem que ajudar para o paciente poder entrar, porque não conseguem entrar sozinhos", relata a médica Ana Borges Teixeira, que trabalha no Posto de Saúde desde 1989.

Ela afirma que muitas reclamações foram feitas, a última há 15 dias, após mais uma queda de um paciente. No entanto, as respostas do poder público são evasivas. "Já tivemos caso de idoso cair de rosto no chão. São casos em que a pessoa se machuca, mesmo que não seja nada mais sério, mas acarreta em outros problemas de saúde", completa a médica.

Além de acidentes com os pacientes do Posto de Saúde, moradores dizem ser comum a incidência de acidentes de carro, pois o tráfego pela via é complicado. Paulo Machado, 80 anos, tem problemas nos quadris e relata que, apesar de nunca ter caído e se machucado, os buracos na rua danificam o seu veículo. "É um sacrifício para caminhar. O Areal está virado em buraco. Não há suspensão de carro que aguente", queixa-se.

A reportagem questionou à prefeitura, na última quinta-feira, se há previsão de melhorias na via de acesso ao Posto de Saúde Areal Leste. Por meio de nota da Assessoria de Imprensa, a secretária de Serviços Urbanos e Infraestrutura, Lucia Amaro, informou que as equipes da secretaria estavam concentrando esforços na manutenção de vias do Fragata, mas que nos próximos dias, se houvesse condições climáticas favoráveis, iriam ao Areal. Poucas horas depois, no início da sexta-feira, uma patrola foi deslocada ao local.

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